quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Skrik

Ou "O Grito", Edvard Munch (ou "O Desabafo", Lilica).

É a imagem que me vem à cabeça toda vez que me olho no espelho (ultimamente). E foi a imagem que eu vi na cara do mocinho de jaleco branco que fez minha avaliação física na academia ontem. E do professor baixinho e fortinho e com um alargador de furo em cada orelha para quem fui despachada logo em seguida. Eu sei, sou crica, mas nenhum dos dois sabia dar um aperto de mão indicativo de caráter. Sabe, aquela mão mole? Ugh.

Desnecessário dizer que saí de lá deprimidérrima e querendo comer uma barra de chocolate in-tei-rin-nha. Juro, esse tipo de encontrinho que me faz desistir da academia. Ninguém entende? Gordinhos, façam coro: Siiiiim, nós te entendeeeemooosss!!!!

Hokey, so. Claro que isso só me irrita porque estou de TPM eu sei que aquilo tudo que o moço do jaleco falou é verdade. Eu sou a primeira a defender a importância dos exercícios e da vida saudável. E sou a primeira a jogar tudo isso pro alto na primeira oportunidade de um longo almoço de domingo na companhia de amigos, queijo, vinho e chocolate.

Falando sério agora, o difícil são os primeiros 15 minutos, o difícil é acordar mais cedo, é escolher ir na academia ao invés de aceitar o convite para sair pra beber com aquela sua amiga ocupadérrima que você ama de paixão e não vê há dois meses... Mas ninguém disse que ia ser fácil. Então, vamos fazer como os alcoólatras e os narco-dependentes: just this once, só por hoje, ou alguma frase de efeito semelhante que eles usam e que faz total sentido. Ou, como diria Dra. Ana, minha endocrino, "tudo é lucro".

Eu não quero usar as mil desculpas que eu tenho para ter chegado neste nível. Desculpas todos nós temos. Mas eu ainda acho que tenho direito de expor o que eu acho. Eu sou super sensível, mas sempre achei que as pessoas não têm muito tato para falar as coisas. Quem me conhece vai dizer "humpf, olha quem está falando, a mega-sincera em pessoa". Mas é verdade. Uma coisa é um amigo seu ser sincero e duro com você, porque ele se importa com você. Outra coisa é alguém que não te conhece, não sabe nada da sua vida, falar um monte de coisa dura sem qualquer pudor e sem nem se colocar do outro lado e perceber que talvez você tenha alguma razão para estar ou ser daquele jeito.

Outro dia foi uma professora substituta na aula de yoga. Eu não gosto da substituta, gosto da titular (confesso!). Que é uma fofa, engraçada, auto-intitula-se louca (e é um pouquinho mesmo), explica a yoga da mesma forma como critica certos pontos dela, enfim, uma pessoa bem especial. Nesse dia tive aula particular. E a subs ficou pê quando percebeu que minha hiperlordose não ia permitir fazer as posições malucas que ela queria, e que eu tinha uma dor crônica no ombro esquerdo que me impedia de fazer 11 minutos de algum exercício com os braços pra cima. "Como você tem esse problema, vou ter que adaptar a krya.".

É, querida, vai ter mesmo. Na cara dela, via-se O Grito com a mesma nitidez que o vi naquela tarde de verão em Oslo, nos idos de 1998.

Paciência. "Se vira nos 30" (alguém me explica de onde veio essa expressão??). É o que a titular sempre faz, porque ela diz que a gente tem que trabalhar no nosso limite, que o que importa é o ângulo, a intenção, e não o resultado final. E no fim da aula: "É, a aula foi mais curta porque tive que tirar alguns exercícios porque você tem esse problema". É, sou problemática mesmo, deal with it, conte para a chefe, peça aumento.

Poucas vezes entendem que, apesar de nossas deficiências, também precisamos de compreensão, carinho, tolerância. Todos esses meus probleminhas parecem minúsculos perto do que vemos por aí, e são mesmo. Mas isso não significa que podemos desprezá-los...

(Filipa, desculpe por este post não ter sapatos lindos, mas minha rotina não é tão de Cinderela assim)

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