sábado, 11 de agosto de 2012

Algumas considerações...

Ok, é bem pretensioso alguém que, com 26 semanas da sua primeira gestação, queira expor qualquer coisa que se pareça, ainda que vagamente, a um guia de gravidez. Então vamos fazer assim. São só as minhas impressões até o momento, combinado? Cada um encara como quiser.

Preliminares 

A não ser que você já tenha tido alguma amiga próxima grávida, ou que você mesmo(a) tenha fuçado nos sites especializados, esta informação vai te parecer surpreendente. Para os demais, é a coisa mais óbvia e mais ouvida no meio: a gravidez não dura 9 meses.

Dá para acreditar? Pois é. Mesmo assim, quando você ficar grávido(a), ainda dá para responder com dignidade com quantos meses você está, porque é isso que todos vão querer saber (isso e se já sabe se é menino ou menina, e o nome, e se ele(a) já mexe, etc.). Vejamos como.

Ah, antes disso. Estar no "terceiro mês" não significa que você já tem 3 meses de gravidez. Significa que você tem 2 meses completos, e está passando pelo terceiro. E, não, isso não é tão elementar como você pode imaginar, meu caro Watson. Até porque, como disse minha tia, à medida que a barriga da grávida cresce, seu cérebro diminui, e tudo fica muito mais difícil.

Primeiro mês

(Pule essa parte se você já leu mais do que uma linha a respeito de gravidez em algum lugar. É a parte gravidez 101 for dummies).

A primeira zona que foi feita foi estabelecer que o marco zero para contar a gravidez não é a entrada do espermatozóide na vagina, nem a fecundação, nem o coração bater, nem nada religioso-político-psíquico-yóguico do estilo. É a data da última menstruação da gestante.

Isso significa que, em um ciclo padrão/certinho de 28 dias, em que a ovulação (e, portanto, a possibilidade de ficar grávida) ocorre bem no meio, na verdade começamos a contar a gravidez 2 semanas antes de ela de fato acontecer. Então, das 40 semanas  de gestação - que, em uma conta rápida e, como veremos, imprecisa, seriam 10 meses, já se foram duas, e já estamos (na mesma conta rápida e imprecisa) falando de 9 meses e meio. Metade do problema já foi? Humpf, até parece.

O primeiro mês então, até onde eu entendi, engloba a preparação para ficar grávida, e o atraso da menstruação. Ficou menstruada, 2 semanas depois ovulou, e 2 semanas depois disso a menstruação não veio? A moça pode estar prenha. "Pode" porque o nosso corpo é bem louco. Bem-vindos às 4 primeiras semanas de gravidez.

Aqui ainda está fácil, e você acha que dominou a conta. Ma non! Como a gravidez são 40 semanas, e indubitavelmente a semana tem 7 dias, são 280 dias de prenhice. Isso, por 9 meses, dá 31,11 dias por mês. E não 28 (quatro semanas certinhas) ou 30 (como costumamos contar o mês). Neste comecinho, dá para ignorar que as 4 semanas são, na verdade, 4 semanas e 3,11 dias, certo? Talvez.

Contas à parte, vamos às sensações. Se a gravidez foi planejada, a ansiedade por talvez ter dado certo e você não querer acreditar toma conta de todo o seu ser. Tem mulher, tipo eu, que percebe logo no começo que tem algo estranho acontecendo. Outras nem tchum. Para mim, era muito óbvio que eu estava grávida. Mas, ao mesmo tempo, me dava um medo enorme ficar feliz e empolgada e quebrar a cara em seguida. Então me segurei bastante (ou quase - Marido acompanhou tudo, até porque, na minha opinião, não poderia ser diferente) até ter o positivo não apenas do teste da farmácia, mas do teste de sangue. Mas, peraí, isso não acontece no primeiro mês, vamos falar disso no segundo.

No primeiro mês, não contamos os meses, nem as semanas, nem os dias. Contamos as horas, os minutos, os segundos! Haja ansiedade, haja vontade. E o tempo e a nossa cabeça são muito ingratos. Passamos - em geral, pelo menos - boa parte da vida evitando a gravidez e agradecendo pelo efeito incrível dos anti-concepcionais, e aí, de uma hora para outra, queremos que qualquer resquício deles saia rápido do nosso organismo, que não tem nada de tempo para se adaptar à nova rotina e voltar à sua "função primordial" de fazer filho. Fácil, né?

Por mais que todos digam que é altamente improvável que um casal engravide no primeiro mês de tentativas, e que é normal um casal fértil não engravidar após 12 meses de tentativas (concretas), saibam que tudo é possível. Mais do que nunca, sendo mulher "tentante", aprendi que nosso sexto sentido/feeling em relação ao que está acontecendo dentro de nós é mais poderoso e certeiro do que qualquer medo de acreditar que a gravidez aconteceu ou não aconteceu. Não é auto-ajuda, mas o mote é "ouça sua voz interior e você atingirá a verdade universal".

Na minha opinião, é um mês de decisões, de descobertas, de cumplicidade, de emoções intensas. Acho que tudo isso para já ir treinando pra esse futuro mágico que é (ou deve ser, porque em tese eu ainda não sei como é) ter filhos.

Segundo mês

Quando ficamos grávidas, começamos a produzir um hormônio específico, e é a presença dele na urina e no sangue que permite que os testes dêem positivo. Por mais que isso aconteça muuuuuito rápido, para quem está naquela nóia de contar os segundos, parece que parece uma eternidade. Esperta como ela só, a indústria farmacêutica já inventou até testes de urina que prometem avaliar com precisão se existe gravidez antes mesmo do atraso da menstruação.

Claaaro que eu caí nessa, mas, se você for um pouco menos ansioso(a) e mais centrado(a), não custa nada (p*, quem disse que não custa?) esperar pelo menos 1 semana do atraso para fazer qualquer teste. Isso porque o tal do hormônio começa bem tímido, vai crescendo, aí ao longo do fatídico primeiro trimestre ele bomba e chega às alturas, e depois volta a níveis que te deixam menos indisposta. Então, se fizer o teste logo no começo do atraso, é possível que o nível de hormônio esteja baixo e ainda indetectável no teste (da farmácia), o que te dará um teste negativo, que pode ser verdadeiro (snif snif) ou falso (hopes up again).

Apenas para nos orientarmos, seguindo aquela conta maluca, a gestante completa seu segundo mês quando tiver com 8 semanas e 6 dias de gestação. Já complicou tudo, né? Mas o fato é que o terceiro mês começa com a nona semana, ou mais ou menos com 63 dias de gestação (=9*7...).

Nessa fase, foi tudo muito legal. Confirmamos a gravidez, ligamos para o consultório do médico para marcar a consulta ("a senhora é gestante?" e aquele "sim" sonoro e feliz em seguida), e vamo que vamo. Não dá para ver (quase) nada, mas o médico confirma no ultra-som que existe um saco gestacional, que já tem um coraçãozinho batendo (apesar de, antes de tudo isso, ele se precaver e dizer que, por estar muito no começo, talvez não dê para ver ou ouvir nada), e aí o casal fica lá babando, chorando, tentando entender como é possível uma coisa tão linda daquelas ser verdade.

Ainda não dá muito para acreditar, cair a ficha, e, como mulher, se imaginar enorme, com barrigão, entender como isso é possível. Pelo menos pra mim só agora estou conseguindo entender a coisa. E mesmo assim acho que ainda não caiu totalmente a ficha.

Terceiro mês

Engraçado como já não me lembro mais, mas acho que foi lá pela nona semana que os enjôos começaram a ficar beeeem persistentes, os números de roupa mudaram, e o cansaço tomou conta do meu corpo. Enquanto durou, parecia que ia durar uma eternidade, que ia ser inesquecível o tanto que era chato tudo aquilo.

Acho que não é muita gente que afirma isso, mas gravidez é uma época muito legal, especial, mágica, etc, mas, convenhamos, é um saco, porque é uma fase de muitas mudanças repentinas, muitas indagações (são os hormônios, mas enfim) e muitas, mas muitas, limitações. Então, queridos, tem que querer mesmo ter filho.

Porque, mesmo nos piores dias - e eram dias inteiros (aquela história de enjôo matinal é pura balela - o gosto terrível na boca fica o dia todo, o sono não passa, tudo é muito estranho e diferente o tempo todo) - eu ainda me sentia feliz e falava toda hora com o pequeno príncipe - que, na época, era carinhosamente chamado de Maria, tamanha a certeza que Marido e eu tínhamos que seria menina - para ele saber que, por mais que a mamãe dele estivesse de saco cheio, ele era muitíssimo querido, desejado e amado. Vai saber, né. Não se brinca com isso de "energias positivas".

É uma fase bem crítica essa do terceiro mês. Muita gente, eu inclusive, não relaxa até fazer o tal do ultra-som das 12/13 semanas, e até um pouco mais, para garantir que está tudo bem com a pequena criatura lá dentro. Então, passada a euforia inicial, um medo e uma insegurança tomam conta da gente, e o que mais queremos é que as tais semanas passem logo, voando. Saudades do futuro, sem dúvida.

Mas elas não passam. Até as 13 semanas, o mundo andou como a Lúcia-já-vou-indo. Desde então - e lá se foram mais 13 - o tempo passou extremamente rápido. Todo mundo já tinha me falado isso, mas eu não acreditei até agora, quando eu mesma estou passando por isso. Então nem vou me alongar muito nesse tema, porque você, caro leitor, também só vai acreditar quando viver o que estamos vivendo agora.
E com 13 semanas e 2, talvez 3, dias, você embarca na fase mágica do segundo trimestre da gravidez.

Quarto mês

Mágica? Quem disse que as maravilhas do segundo trimestre - barriga despontando, bem-estar geral, etc, etc, etc - chegam logo na 14a. semana? 

Para essa que vos fala, a sensação de começo de gravidez - e os cuidados relativos a ela - duraram até, pelo menos, a 17a. semana. Confesso que comecei a curtir mesmo só no mês seguinte, o quinto. Até lá, não nego que já estava mais tranquila, claro, mas ainda não o suficiente para sit back and relax, sair divulgando tudo para todo mundo, e ver com ânimo os sites, as lojas, enfim, tudo de bebê.

Pensar que, 2 anos atrás, o máximo era saber tudo sobre casamento. Mas até dá para fazer um paralelo - há tanto fuzz e frescura em coisas para casamento como há para bebês, com a diferença que, agora, se você f* tudo, não é a festa que vai dar errado, mas seu filho. Dá para ficar sussa com isso? Eu, hein.

Só para continuar nossas contas - a grávida matematicamente correta pode falar que está com 4 meses de gestação quando completa 17 semanas e 4/5 dias (124,44 dias, para ser mais precisa).

No nosso caso, no US das 13 semanas, a médica nos deu 90% de chance de ser menino. Achei que ela estava só se protegendo ao não falar 100%, mas depois ela nos explicou que, de fato, havia cientificamente 10% de chance de não ser. Só sei que, por mais que eu tenha começado a ver o mundo todo azul, eu ainda não quis investir na idéia até realmente chegar nos 100% de certeza. Que, é claro, demorou até a 18a. semana, porque no meio do caminho o príncipe resolveu sentar e não colaborar para minar nossa curiosidade.

Quase ia me esquecendo. Foi lá perto das 16 semanas que comecei, realmente, a sentir borboletas no estômago. No começo parecia cócegas, depois aquele medo de serem gases...A primeira vez que senti o pequeno mexer foi, para variar, sentada na frente do computador, mas, dessa vez, na escrivaninha de casa, que ficava no quarto dele. Senti, parei para pensar, aquela sensação de "eu sei que é mas e se não for" me tomou inteira, eu me desconcentrei, logo contei pro Marido, e fiquei feliz por vários dias. E claro que nesses vários dias a sensação voltou, mudou, intensificou, e ficou muito mais gostosa. Ao comentar com umas amigas grávidas, elas me falaram que logo iam ser chutes "comme il faut". E, de novo, isso me pareceu muito distante, mas tentei acreditar.

Quinto mês

Agora sim, a forra. Depois de um tempo que já até perdi a conta, comecei a me sentir melhor. Não sei se por ter a certeza que o pequeno estava bem, não sei se por ter a certeza de que é um menino (e poder, então, fazer planos mais concretos, do tipo escolher nome e roupas), não sei se porque nossas férias estavam chegando.

Mas o fato é que, da 18a. até a 22a. (e 2 dias) semana, foi tudo muito legal.

O marco das 20 semanas - a metade da gestação - é que foi meio estranho. Eu estava gorducha e quem sabia que eu estava grávida já me via como tal. Mas quem não sabia ainda tinha dúvidas se era gravidez ou falta de vergonha na cara. Ao mesmo tempo, eu não me sentia a meio caminho de conhecer o pequeno e me tornar, de fato, mãe. Parecia tudo tão longínquo.

A verdade é que nada disso importou no dia 12 de julho, quando, deitados na cama, Marido e eu, senti o nosso lindinho mexer e achei que Marido ia sentir também se colocasse a mão na minha barriga. Realmente, com 20 para 21 semanas, ele já chutava de um jeito que eu achava bem forte (mal sabia eu como ele ia ficar mais forte ainda!), bem diferente de 3, 4 semanas antes. E eu estava certa - Marido sentiu seu filho pela primeira vez, e foi um momento inesquecível para a nossa família.

Acho que esse foi o grande evento do mês. Mais do que voltar pra casa me sentindo super muambeira carregando todas as comprinhas do nosso herdeiro e encher o futuro quarto dele de tralhas (claro, depois de deixar muitas caixas e zonas na casa de nossa paciente e coruja priminha na cidade do pecado).

Sexto mês

Estamos nele, e só sairemos daqui a 4 dias, com 26 semanas e 4 dias. E tenho dito! Estou há umas 2 semanas respondendo que estou de "quase 6 meses". Não sei por que. Talvez para explicar a explosão recente e desenfreada da pança. Haja chopp viu!

Agora já é nítido "para a sociedade" que estou grávida. Demorou, mas não tem mais dúvida. E agora estou me sentindo melhor do que em qualquer momento dos últimos meses. Quer dizer, tenho ainda muito a reclamar - comecei a sentir dor na lombar, ainda estou sem coragem de me pesar, meu humor está oscilando muito - mas só o fato de sentir o pequenino se mexer constantemente, o dia inteiro, de ter decidido grande parte das grandes coisas (móveis, enxoval, quarto, etc) já me deixa bem mais tranquila.

Talvez eu também esteja querendo aproveitar o máximo porque as más e sábias línguas falaram que agora é que vai começar a pesar a barriga, o corpo, que eu vou começar a inchar, e que vai voltar aquele cansaço do começo, só que um pouco mais intenso. Confesso que o sono já voltou, tenho sentido alguns incômodos chatos de corpo, mas espero que, assim como a sensação de "segundo trimestre", que demorou para chegar, essa "sina do terceiro trimestre" demore pelo menos mais umas semaninhas para se estabelecer dentro de mim.

Agora já dá para ver minha barriga mexer por fora quando o herdeiro dá uns chutes (ou bundadas, como frisou a médica do último US) mais fortes. O ruim é que perdi totalmente a soberania da minha barriga. O que não me incomoda nos casos em que os amigos próximos são os invasores. Mas, cá entre nós, quem não tem liberdade não deveria pedir antes de ir encostando a mão em você, não? É o que eu acho...

Ah, claro. No último US, feito com 23 semanas, o pequenino estava enorme, lindo, e vimos a carinha dele em 3D (ou eram 4D? Sei lá) pela primeira vez com mais nitidez. Mais tarde, ao mostrar pra família, os avós já foram achando com quem ele era parecido. Sinceramente - e não me acho menos coruja por isso - ele ainda parece com todos os bebês de US de 3D que eu já vi dessa fase. E, antes que me critiquem, a médica me deu razão, ta? Eles são super magrinhos nessa fase, então as feições começam mesmo a se definir quando tiver mais gordurinha, ou seja, mais pro final mesmo. Humpf!
 
Estamos muito ansiosos. A família toda. Queremos que o tempo passe logo. Queremos? Por um lado, sim. Tô louca para ter o pequerrucho nos braços. Por outro, quero curtir com calma esse período e aproveitar para acelerar tudo no trabalho, para deixar a menor quantidade de arestas e pendências possível. Quero curtir tranquila e serena a maternidade, e sei que só vou conseguir fazer isso se eu tiver conseguido cumprir minhas próprias metas no escritório. E para isso ainda preciso de 3 meses. Ou 14 semanas, as you wish.
Então, vamos a eles, esses 3 meses e pouco. Logo volto para contar como foram, se eu não me perder no tempo com meu pequenino.

Ah, pessoal, eu quase ia me esquecendo: roupas de grávida - vale a pena comprar? Sim, e como. Primeiro, porque são bem mais confortáveis. E não, não vai ser por isso que você vai relaxar e engordar um monte (vai ser por outros motivos, trust me). Depois, porque "serem confortáveis" não significa que serão tipo jeans baggy e 10 números maiores - que é o que cabe na sua barriga agora, mas fica hiper desengonçado no resto do corpo. Depois ainda, porque muitas vezes te permitem sentir ainda um pouco bonita, apesar de você mesma não se reconhecer no seu corpo (e se desequilibrar, bater nos cantos, e etc, porque está bem maior), porque elas só marcam a barriga, mas permitem ainda mostrar que, apesar disso, você ainda tem curvas "normais". Tem ainda o fato de que, se alguém tava na dúvida se você está grávida ou não, aquelas preguinhas na blusa e a calça de elástico (ok, não precisa mostrar o elástico, mas just in case) tiram qualquer dúvida. E, como se isso tudo não bastasse, roupa de grávida te faz sentir muito melhor. Então eu realmente acho que vale a pena spend some extra bucks e investir nisso. E agradecer por ter amigas que emprestam as roupas de grávidas que elas não usam mais (e que não rasgaram de tanto serem usadas), e agradecer também por essas amigas te darem roupas de grávida de aniversário, porque elas querem que você se sinta bem.
 

















Nenhum comentário:

Postar um comentário