quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Orgulho da mamãe

Não, não. Ainda não estou falando do nosso filhote. Ele é o nosso maior orgulho, mas ainda não é hora de ele estrear no mundo.

Estou falando do bolo de chocolate mais lindo - e dizem as línguas que o provaram - mais delicioso da história!

Ele chama Concord. A receita é da Luciana Lobo. Ela é irmã da Alice, do Verdinho Básico, e prima da Rita, do Panelinha. A Luciana é chocolatière de alguma doceria chique em SP, mas, infelizmente, esqueci o nome e não posso lhe dar os créditos merecidos. Eita família talentosa, viu. Foi do meu livro do Panelinha que tirei a receita.

A idéia surgiu quando Ginu disse que precisava de uma sobremesa com chocolate para o super almoço que ela ia fazer pra gangue de amigos do Quinho que tinham acabado de voltar da Itália, numa viagem puramente gastronômica em busca de restaurantes e vinhos que exalassem, no primeiro caso, e fossem bons acompanhantes, no segundo, para as deliciosas trufas brancas.

Falo isso para vocês verem que Dona Ginu tinha um belo desafio pela frente. Tinha que fazer bonito. Não que isso fosse um desafio para ela, mas vocês sabem como ela é. E como eu sou - tirei proveito da situação (do almoço e do fato de ela estar me mimando horrores com segundas intenções por conta da barriga) e na hora lembrei do bolo mousse de chocolate cuja fotografia, em si, já dá água na boca. O preparo seria trabalhoso, mas achei que a ocasião justificava o esforço, meu e dela. Enfim, coisa de mamãe mesmo.

Grávida fica ousada. Depois de estrear no bolo de limão e no cheesecake (acho que essa é a receita que mais se assemelha à do livro, mas eu ainda prefiro a versão do Cantando de Gallo para a cobertura) e conseguir fazê-los com relativo sucesso, estava dada a largada para dar mais um passo no meu caminho tortuoso de aprender a fazer doces.

Rita fala no livro que o preparo não é simples. Eu já tinha lido a receita várias vezes e, de fato, eu não ia conseguir fazer aquilo sozinha NUNCA. Separar gemas das claras e bater claras em neve são coisas que não entram na minha lista de habilidades. Fora meu problema crônico de não saber fazer doce, ou pelo menos da insegurança que tenho a respeito, porque, ao contrário de salgado, doce é uma ciência exata e qualquer 10g a mais de farinha pode ser o ingrediente que faltava para o fiasco total.

Como nesse bolo não vai farinha, achei que valia a pena tentar. Além disso, se desse certo, ia ser uma boa sobremesa para a minha amiga celíaca, apesar de ela não ser fã de chocolate (mas depois descobri que ela adora bolo de chocolate - ou ela estava sendo educada, não sei), e como eu amo muito essa menina, quero muito achar cada vez mais receitas gostosas que ela possa comer sem culpa. É, porque ela é tão magrelinha e atleta que pode comer o bolo inteiro sem culpa, ta? Minhas amigas são o máximo mesmo, deal with it. Fica a dica, viu, Rita. Pode investir em receitas sem glúten que vai ser mais um livro best-seller.

Ginu e eu seguimos a receita à risca. Com direito a usar compasso para fazer os discos de suspiro. Eu até tirei foto, mas as imagens do suspiro de chocolate em tirinhas e em discos parece mais outra coisa do que doce, então as fotos serão só do resultado final.

Como sempre, as receitas da Rita são muito bem explicadas, e funcionam. O slogan do Panelinha não é propaganda enganosa. Eu só mudo as receitas dela de vez em quando porque sou abusada mesmo, não porque precisa.

Mas eu ousei e coloquei um ingrediente secreto - a sagacidade da Ginu. Se não fosse por ela, as claras não estariam bem separadas das gemas, e não teriam sido batidas em ponto correto de neve. Dado meu estado gravídico, todo o esforço físico foi feito por ela. Foi dela também a idéia de fazer o caracol do disco de dentro para fora, ficando perfeito. E, claro, foi dela a sugestão de não terminar a mousse antes de ter certeza que os suspiros estavam prontos e bons - uma mistura de medo de perder comida (o que todas nós temos pavor) e de cuidado para a mousse não "envelhecer". 

Foi uma tarde bem proveitosa. Durante a receita, a frase que eu mais falei (depois de "está em neve?") foi a que, se o bolo não desse certo, pelo menos a gente tinha se distraído e passado mais um dia nesse meu marasmo gestante.

Porém, devo dizer que o bolo deu certo. Bem certo. Durante o preparo, tivemos o cuidado de deixar o forno beeem baixinho, como sugere a receita, e então preparar os suspiros acabou sendo a parte mais trabalhosa e chatinha. Mas, no fim, foram umas 3 horas de preparo, do começo ao fim. Da próxima vez, acho que conseguiremos reduzir isso para 2 horas no máximo. A Ginu, humilde pra caramba, apesar de ser a cozinheira mais experiente que eu conheço, tem medo de fazer suspiro. Quase quis comprar pronto ("se a gente pedir, eles fazem lá no pão de açúcar"), mas não deixei. Ainda bem, porque o gostinho do feito em casa é insuperável - no meu caso, gostinho metafórico, porque fiz promessa e estou há 1 mês sem doce, num feito que eu nunca achei que eu ia conseguir (orgulho elevado a enésima potência!)

Fizemos o bolo no fim da tarde de quinta, e ele ficou no congelador até sábado à tarde, quando foi servido. O povo que provou adorou (inclusive Ginu e Marido, que acho que não iam mentir para mim). Mas Ginu salvou um pedaço dele para mim, que está congelado e será devidamente aproveitado quando herdeiro nascer. Ela disse que eu precisava comer um pedaço do bolo original - não sei se porque ela nunca mais vai querer fazê-lo - afinal, a bagunça foi na casa dela - ou se porque ela foi fofa mesmo.

Está chegando o aniversário do Marido e ele disse que quer 2 presentes - o filhote nos braços e o bolo outra vez. O primeiro eu tenho certeza que ele vai ter. Agora, o segundo... sinceramente acho que quando o pequeno nascer não vamos ter mais 2 horas para "perder" fazendo doce! Mas ainda não contei isso para ele não.

Enfim, vamos às fotos. Vejam pelo resultado que, apesar de trabalhoso, o negócio não é difícil não. Se fosse, não teria ficado tão lindo e gostoso. Só precisa de paciência.

As fotos são do meu primo, que ficou com as sobras do suspiro e teve direito a raspar o resto da mousse que ficou na batedeira. E que também gostou do resultado final.















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