terça-feira, 6 de novembro de 2012

Oitavo mês

(Aviso: este post é antigo, mas só estou publicando-o agora, no meio/fim do nono mês e com a chegada do rebento beeem iminente)

Inaugurei o oitavo mês na maior correria - finalizando o quarto do pequeno, inventando de organizar a reforma na chácara, viajando de carro como se tudo estivesse normal. E estava.

Mas em algum momento neste último mês meu corpo teve um momento epifânico e quase que resolve pifar. Um alerta, e um grande susto. Às vésperas de completar 33 semanas - bem antes da data ideal para o nascimento do herdeiro -, Doutor me despachou para casa, com uma receita médica e a ordem expressa de repousar. Ele não disse "repouso absoluto", mas quase que estou considerando que é.

Estou no meio da semana 34 e, como vocês sabem, eu ainda acho que vai dar tudo certo e que o pequerrucho vai chegar depois das 37. Mas eu sempre acho que tudo vai dar certo e aí quebro a cara, então é melhor eu pegar leve.

O médico disse que o stress mental é tão ruim quanto o físico. Me deixou trabalhar meio período, mas ficou feliz (se é que aquele Doutor Gelo consegue expressar alguma emoção) quando eu disse que poderia me desligar totalmente do trabalho. Disse que dirigir é o de menos. Deixou até fazer o chá de fraldas, desde que eu não o organizasse. E deixou fazer yoga como forma de relaxamento, não de exercício.

O resultado é que eu interpretei da seguinte forma: vou passar esta semana deitada ou sentada de pernas para o ar, em casa (a maior parte do tempo - já explico), sem dirigir, sem ir para a yoga, dando ordens domésticas e recebendo paparicos. Ok, hoje é o primeiro dia útil em que eu estou de repouso e já trabalhei 1 hora, mas de forma leve e sem stress. O bom é que onde eu trabalho as pessoas são de fato humanas e entendem que é a minha hora de descansar. Nunca vi tanta gente me apoiando e me deixando tranqüila, e realmente não sei como agradecer a todos. Modéstia à parte, deve ser a forma deles de agradecer por eu sempre ajudá-los e não deixar ninguém na mão.

 Confesso que é muito ruim tudo isso. Eu não estou me sentindo estressada. Mas, looking back, talvez eu tenha um nível de tolerância mental ao stress que seja maior do que o que eu meu físico de grávida consegue suportar. Nas CNTP, as decepções do dia-a-dia são plenamente controláveis por mim. Posso ficar meio mal-humorada, enjoada, dormir mal, mas não sinto nada demais. E depois passa. Mas, com um ser tão pequeno, tão inocente e tão sensível dentro de mim, as coisas mudam de perspectiva.

Não é doença, mas gravidez é uma fase de resguardo, de respeito consigo mesma, de descobrimento das nossas próprias limitações e, por que não, de criar novas limitações. Essa semana resolvi que vou me respeitar mais. Parar de fazer tudo para que tudo se pareça bem. Relacionar-me só com quem de fato se preocupa comigo e com o nenezico lindo e com o bem-estar da nossa família, com quem entende que o momento é nosso e vai, sim, tudo girar em nossa volta. Cuidar de mim para que ele fique bem, e fique aqui dentro por mais um tempão, e que nasça saudável e só daqui a um mês pelo menos. E quem não entender isso que vá à merda.

Acredite, tem quem não entenda. Tem quem continua pensando só em si. Tem quem é insensível. Tem quem não nos deseja bem. E sabe o quê? Nós aqui na Maloca não estamos nem aí para esse povo. A gente gosta é daqueles que nos tratam sem preconceito e com cuidado. Que passam sábados inteiros fazendo barulho, furando paredes e cozinhando pra gente, mesmo que a gente não dê nada em troca. Que contratam e dispensam balas de nozes, ingressos de ballet, e tardes no skype. Que respondem nossos emails antes de termos tempo de pensar, vão no mercado e fazem visitas relâmpago mesmo quando estão super cansados, só porque sabem que vão nos alegrar. Que trocam mensagens no celular, no email e promessas de nos falarmos decentemente um dia, mas que, até lá, estão conosco no coração. Que, de longe ou bem pertinho, querem o nosso bem. Porque sabem que, no fundo, fizemos, faremos ou faríamos o mesmo por eles, em algum momento da vida, sem data de validade.

E, ao fazer esse manifesto todo, de repente fico ainda mais confiante em deixar tudo o que ainda está pendente pra chegada do pequenino nas mãos dessas pessoas tão especiais. E fico ainda mais confiante de que estou passando tantas boas energias para ele que ele vai entender que não precisa ter pressa para chegar a esse mundo, e que pode ficar dentro dessa minha enorme pança por mais um tempinho. Mas, just in case, só vou publicar isso aqui bem depois dessa fase tensa passar.

***

Agora vocês que me agüentem (ainda não consegui me livrar da trema - tremo só de pensar em como vou me adaptar às novas regras da língua portuguesa) - já que tenho tempo de sobra, vou escrever o tempo todo. Ainda estamos no meio da semana 34. Tá tudo muito estranho. Por um lado, parece que tá passando rápido. Por outro, tá demorando taaanto...

O oitavo mês dura até as 35 semanas e 4 dias. Isso significa que ainda temos mais 13 dias para render neste post. E isso que nem comecei a escrever quando começou o oitavo mês, que foi com 31 semanas e 1 dia.

O quarto do pequenino tá ficando lindo. Agora só falta mesmo o enxoval, que a Tia Sonia está terminando (espero eu). De pendências, ainda temos que fechar o enfeite de porta com a Ana Moraes e contratar as lembrancinhas da maternidade. Parece pouco, e espero que seja.

Hoje passei a manhã escolhendo músicas pro Ipod do príncipe. Temos 53 gb de músicas pré-selecionadas, e só 8gb disponíveis no Ipod. Preciso tirar um pouco das músicas de adulto e colocar umas coisas mais calminhas. Marido não concorda, mas acho que ele vai mudar de idéia quando o pequenino estiver num rock & roll de madrugada e conseguirmos fazê-lo dormir com algo mais calmo do que Charly García.

Mudando um pouco de assunto, Matias já tem uma semana de idade, e parece que está cada vez mais lindo e gorduchinho. Isso me enche de alegria!

Agora vou indo porque o dia está voando e ainda tenho algumas tarefinhas, acreditem se quiser.

***

Queridos, voltei.

Estamos no fim do oitavo mês. Na verdade, hoje é o último dia. Amanhã inauguro minha barriga de 8 meses e vou desfilá-la. Da sala para o quarto, do quarto para o banheiro. Mas talvez a gente, minha barriga, o herdeiro e eu, saia até a varanda, se estiver sol.

Desde a semana passada, quando o médico disse que a situação estava estável, estou mais tranquila mentalmente, mas confesso que tenho descansado menos. Da última vez, ele disse que eu precisava relaxar mais. Eu acho que o relaxamento mental é mais determinante para mim do que o físico. Então eu estou com uma boa impressão.

Depois de amanhã, dia 18.10, voltamos lá e vamos ver o que ele fala. Faltam 11 dias para completarmos 37 semanas, que é um marco importante para mim, porque depois disso os médicos falam que o bebê já está "a termo". Queria que o pequeno nascesse pelo menos daqui a 3 semanas, mas, completando 37, eu já fico bem mais tranqüila. Ele bem que poderia nascer maiorzinho, então estou torcendo (ainda que, confesso, não me comportando muito bem) para ele ficar aqui dentro mais um pouco, só para a gente terminar de arrumar as coisas e ficar mais tranqüilo.

Por um lado, estou me segurando para não terminar algumas coisas pendentes. A minha mala da maternidade, por exemplo. As lembrancinhas. Os docinhos. O teste da cadeirinha do carro. Enfim. Parece que o herdeiro entende que, enquanto essas coisas não estiverem prontas, ele não pode nascer. Então eu vou me enganando e deixando tudo por fazer...

Outra hipótese é que eu estou considerando meu repouso tipo rotina de aposentado. Só uma tarefa por dia, para não cansar. Isso lembra minha avó (Vó, vamos ao mercado depois do médico? Não, minha filha, já fomos no médico, agora já quero ir para casa descansar. Vamos ao mercado amanhã).

Hoje foi dia de comprar as - super sexy - calcinhas pós parto. Meu Deus. Olha, taí um nicho de mercado a se explorar, viu. Fui numa loja super legal, grande, que me indicaram, provavelmente a que tinha mais opções. E, mesmo nela, a oferta era pequena e os modelos disponíveis, bem parcos. Eu acho até que, depois do parto, a última coisa que vamos querer pensar é em estar sexies. Deve ser tipo uma versão piorada de primeiro dia de menstruação, quando você só quer estar segura, confortável e com menos dor. Mas eles bem que podiam enganar a gente e vender umas coisas mais bonitinhas, né? Fica a dica...

Então a aposentada aqui amanhã talvez corte o cabelo. Só cabelo. Unhas, talvez na sexta. E assim caminha a humanidade!

Beijos, e torçam pelo meu nono mês ser completo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário