terça-feira, 16 de outubro de 2012

BB

Não, não. Não vou falar de bebês. O BB é do Mr. Riley, aka BBKing. O velhinho fofinho que está parecendo o Morgan Freeman de rosto, mas o bonequinho do Michelin de corpo, só que mais molenga.
Médico liberou, e fomos lá ouvir música boa na sexta-feira (detalhe - sexta-feira dia 05, estou alguns dias atrasada). A banda em si já é o máximo, e começou, se não pontualmente às 22h, logo em seguida, certamente com no máximo 5 minutos de atraso.

Se você vai num show do BB King, o rei do blues, você se prepara para isso. Ainda mais numa sexta à noite. O que não deu para terminar no trabalho ou em casa, você termina no dia seguinte, sábado, teoricamente dia livre para a maior parte das pessoas que puderam comprar ingresso para um show desses.

A gente comprou ingresso em maio para o show em outubro, então também nem dá para dizer que foi de última hora. Não, não existem urgências nem emergências que te impeçam de ir ao show do Sir Riley (se a Elizabeth II ainda não deu o título a ele, algo está errado no mundo).

E, se você vai num show de um senhor de 87 anos, que, pela terceira vez, avisa que é seu último show no Brasil, você tampouco imagina que vai ser um show que vai durar 3 horas, né? Uma hora de show já seria mais do que aceito - ainda que nunca suficiente.

Moral da história, eu não consigo pensar em alguém que, em sã consciência, possa se atrasar para um show do BB.

Aí que, lá pelas onze e pouco (uma hora e tralalá depois de o show ter começado), chegam duas senhoritas na mesa do nosso lado. Olhares reprovando a chegada triunfal das moças (acompanhadas do lanterninha do Via Funchal e corpos de pé, totalmente desnecessários) não faltaram.

Lá no Via Funchal eles são espertos. A mesa tem 6 lugares, todos péssimos. Mas enfim, os lugares são marcados. Se você comprou a cadeira E na mesa 21, existe um lugar certo, não é qualquer cadeira da tal da mesa. É um jeito interessante de cada um ter um mínimo de certeza de onde vai sentar. E acho isso super certo, dentro das circunstâncias.

Mas aí, tipo uns 10 minutos depois da chegada das senhoritas, uma delas pega a luz do celular, que de tão brilhante quase deu para refletir na Lucille, e começa a analisar o ingresso dela. Se eu estivesse na mesa dela já teria feito um escândalo. P*, não basta chegar atrasada, tem ainda que ficar desviando atenções?

Bom, logo em seguida a moça fez valer o ingresso e o direito dela. O lugar que ela tinha comprado não era o que estava disponível quando ela e a amiga chegaram, 1h30 depois do início do espetáculo (com Sir Riley quase fazendo bis). Elas tiveram que sentar em outro lugar da mesa, que, achavam elas, era pior do que o que elas tinham comprado. Bom, moral da história, elas explicaram a situação para os dois casais de amigos que estavam tentando curtir o show, e eles mudaram de lugar com elas.

Se eu fosse um desses caras, estaria muito mais mordida do que estou até agora. Eu fico imaginando se eles aproveitaram o show depois disso ou se ficaram se remoendo. Eu não sei o que eu faria, se eu criaria caso ou se eu mudaria de lugar. Talvez eu mudasse de lugar, ficasse me remoendo o show inteiro pensando num discurso de efeito para falar para as moças quando o show acabasse, e no final desistisse, e comentaria o absurdo só com os meus amigos.

Em concertos, a partir do momento que as portas fecham, as pessoas podem mudar de lugar. Você tem direito a seu próprio lugar se você chega na hora. Depois, os presentes entendem que o lugar está vazio ou mesmo que a pessoa escolheu sentar em outro lugar. Podem me criticar, mas eu acho que a pessoa perde direito ao lugar se ela não cumpre his/her end of the bargain. Em cinema também. Eu já cheguei atrasada em cinema, tinha gente sentada no meu lugar, e fui para outro.

As pessoas têm que entender que, junto com direitos, vêm deveres. Não dá para ela querer só ser beneficiária do direito sem cumprir sua parte de deveres (tá vendo, eu aprendi algo com a minha dissertação de mestrado). E chegar na hora é o dever de quem comprou o ingresso, para ter o direito de ver o show. E, se por alguma política permissiva do local, é possível entrar depois que o show começou, então a regra tem que ser que os atrasados não atrapalhem os que chegaram na hora.

Em tempo: BB King, extremamente simpático, disposto e com jeito de quem sabe o que está fazendo, ficou quase 2 horas no palco, em uma noite memorável.

PS: Não à toa, um dos músicos preferidos do herdeiro que logo chega é o BB King. O menino sabe das coisas. E me deixou até preocupada de tanto que ele se mexeu durante o show!

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