quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Iogurte caseiro

Uma vez que a amamentação me impede de comer altas doses de chocolate, resolvi investir em novos sabores.

Pra quem não sabe, chocolate e cafeína podem dar cólicas ao bebê, e quem já viu um bebê chorando de cólica sabe que esse é o pior choro, o mais temido e mais desesperador, que pode existir - bom, pelo menos é o que eu acho depois de 1,5 mês de bebê no mundo. Let me put it this way: Se eu ouvisse um choro desse jeito em outra criança, logo chamaria o serviço social, juizado de menores, qualquer coisa assim, porque certamente alguém a estaria maltratando. Em suma, é bem ruim.

Eu já tinha ouvido falar disso antes de ficar grávida, quando vi um comentário de uma mãe que amamentava dizendo que, apesar de dar cólica no bebê dela no dia seguinte, ela ia comer aquele chocolate. Achei horrível a afirmação, chamei a mãe de desnaturada e tudo o mais, all that jazz.

Aí o tempo passou, e minha-amiga-linda-mãe-da-Helena me comentou, no dia que nossos pequenos se conheceram, que ela foi testando os alimentos sem preconceito e descobriu que um pedacinho de chocolate depois do almoço não fazia mal à bebê dela. Como ela - a mãe - é sábia e equilibrada (bom, mais ou menos, como todas nós), resolvi fazer o mesmo experimento.

O pediatra já tinha me liberado de beber uma tacinha de vinho com a refeição de vez em quando, em dias especiais. O queijo, passada a ameaça iminente que todos os queijos deliciosos trazem de toxoplasmose (ou seja, assim que o herdeiro nasceu), já estava fora de perigo. Restava, então, testar o vilão chocolate. Ok, também testei o café, que, se pudesse, estaria fazendo companhia à tríade que dá nome ao blog.

O café tem a alternativa péssima do descafeinado. Cheio de químicas e sem cafeína, realmente ele é só um engana-trouxa. Às vezes eu sou trouxa e sou enganada, por isso sempre tem umas cápsulas vermelhinhas da Nespresso aqui em casa. Confesso que amarga a boca e o orgulho fazer e tomar uma bebida dessas. Porém, é uma alternativa para dias de desespero (assim como tomar suco de uva em taça de vinho e soda italiana de cereja com rodela de laranja em copo de drink, para imitar, respectivamente, vinho e campari - artifícios confessadamente usados por mim, aparentemente uma mild alcoólatra, durante a gravidez).

Tudo isso para dizer que, depois de mais ou menos uma semana que o pequeno já estava quase que não tendo cólicas, tomei coragem (ou temporariamente esqueci o som daquele choro) e tomei uma xícara de café. Um, dois, três dias se passaram e não percebi nenhuma alteração no ritmo ou intensidade das cólicas. Tomei outra, e nada. No dia seguinte, outra. No terceiro dia tomando uma xícara de café, achei que a cólica ficou ruim. Me culpei horrores e parei por uma semana. Então, tomada novamente por um rompante de amnésia, resolvi testar de novo, mas com mais cautela. Resultado - cheguei à conclusão que tomar um cafezinho de vez em quando não faz mal, mas não dá para tomar todo dia. Uns dois ou três por semana, em dias intercalados, não fazem mal ao meu lindo, que continua sorrindo aquele sorriso banguela fofo toda vez que ouve minha voz. E desde então vamos vivendo, felizes da vida por essa conquista.

O próximo passo seria testar o chocolate. Let me put it this way: a experiência foi tão ruim que fiz promessa para não comer mais chocolate até ele completar 3 meses, quando parece que as cólicas diminuem. Durou 3 semanas a tal da promessa, que rompi ontem. Resolvi fazer uma receita desenvolvida pela Cris, prima da já-famosa-aqui-no-blog Dani. A Cris é uma super quituteira, então, se desse errado, a culpa ia ser minha. Mas era super fácil, deu certo e é uma delícia, e conto para vocês e dou a receita depois se ela autorizar!

Mas o fato é que a receita, para umas 6 pessoas, levava 3 a 4 colheres de cacau em pó. Achei que essa quantidade não ia me fazer mal se eu experimentasse e, pimba, lá se foi a promessa. Depois conto para vocês como o herdeiro se comportou, apesar da mãe desnaturada dele.

Moral da história - aquela mãe que eu achei inconsequente e que contei aí em cima hoje já não me parece tão monstra, mas humana.

Feito o aparte, voltemos ao título, senão serei taxada de louca quase que indevidamente. Ginu apareceu com uma receita de iogurte light e saboroso. Logo duvidei. Algo light dificilmente é saboroso, né não? Deixei o preconceito de lado, gostei da idéia de não comprar mais iogurte e de fazer minha própria comida, e mergulhei no mundo das transformações químico-culinárias. Não sei porque não gostávamos de química na escola - se colocassem umas pitadas de culinária nas aulas, acho que todo mundo ia se identificar mais do que com aquele monte de letrinha, número, bolinhas e tracinhos.

O iogurte é tão bom que passo o modo de fazer aqui: Ferva dois litros de leite desnatado fresco, daqueles de tampinha amarela (eu uso o Da Fazenda ou o Xandô, o que tiver no supermercado). Deixe amornar até conseguir colocar o dedo mindinho (não me pergunte a razão de ser esse dedo) sem se queimar. Então juntar 2 colheres de sopa de Molico em pó e 1 pote de iogurte integral - ok, não nos livramos totalmente de comprar iogurtes, mas já salva. Deixar na panela fechada por pelo menos 12 horas. Depois disso, você vai ver que a consistência já mudou, e virou uma coalhada deliciosa. Aí é só colocar num pote na geladeira e você tem iogurte para 1 semana para 2 pessoas - é o que dura aqui em casa.

Marido adorou e eu também. Já batemos com frutas (mamão, ameixa) e fica bem gostoso. Quem quiser talvez possa colocar um pouco de açúcar ou adoçante, porque o iogurte tem aquele azedinho delicioso que alguns não gostam muito. Também é bom colocar coco ralado, frutas secas, granola, geléia, enfim, o que a imaginação permitir.

O próximo passo é fazer o próprio queijo fresco e o próprio pão, mas aí ainda levo tempo. Pro Marido, o próximo passo é fazer a própria cerveja... Cada um com as suas prioridades...

 

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